O que é alergia alimentar?
Alergia alimentar são as reações adversas a alimentos, dependentes de mecanismos imunológicos, IgE mediados ou não.
Quais mecanismos estão envolvidos na Alergia a Proteína do Leite de Vaca (APLV)?
Imunomediadas hipersensibilidade alimentar ou alergia alimentar
- Mediada pela Imunoglobulina E - IgE (anticorpo da alergia) - ocorrem minutos após a exposição; em indivíduos geneticamente predispostos ocorre produção excessiva de IgE específica para o alimento envolvido, essa interação gera reações adversas; pode ser confirmado por exames- Teste alérgico cutâneo e/ou dosagem sanguínea de IgE específica para LV positivos.
- Não mediada pela IgE - ocorre por outros mecanismos imunes e não pode ser confirmado por esses exames.
A intolerância a lactose também é uma alergia ao LV?
NÃO, pois não ocorre por um mecanismo imunológico, mas metabólico. Nesse caso, há uma deficiência primária ou secundária da lactase, enzima necessária para absorção da lactose presente no LV.
Como se manifesta a alergia ao Leite de vaca?
Por alterações gastrointestinais e de outros órgãos, veja abaixo:
* as características de cada doença serão explicads pelo seu medico de acordo com o quadro que seu filho apresente.
Quais principais medidas de prevenção devem ser tomadas?
NÃO ingerir leite de vaca e seus derivados;
NÃO ingerir alimentos que geralmente contém leite, como:
- Biscoitos;
- Purê de batata;
- Bolo;
- Queijo de soja;
- Chocolate;
- Manteiga;
- Queijo vegetarian;
- Margarina;
- Sopa cremosa;
- Molhos cremosos instantâneos;
- Novomilke em lata;
- Farinha lactea;
- Alguns pães;
- Sorvetes;
- Pães de queijo;
- Sucrilhos;
- Pudins;
- Tortas;
- Caramelo.
NÃO ingerir alimentos cujo rótulo contenha os seguintes ingredientes:
- Caramelo;
- Lactoalbumina;
- Lactoglobulina;
- Caseína;
- Lactulose;
- Caseinato;
- Lactoferrina;
- Lactose;
- Chantilly;
- Derivados do leite;
- Nata;
- Coalhada;
- Proteínas do leite ou do soro;
- Iogurte;
- Sabor natural;
- Aroma natural;
- Farinha lacteal;
- Nougat;
- Leitelho;
- Cremes;
- Manteiga;
- Sabor artificial de manteiga;
- Diacetil;
- Estabilizante;
- Soro.
Algumas inesperadas fontes de LV:
- Alimentos de padarias, confeitarias e delikatessem devem ser evitados. Nestes locais, a mesma máquina utilizada para fatiar alimentos é usada também para fatiar queijos, havendo, portanto, alta probabilidade de contaminação.
- O mesmo pode ocorrer em restaurantes por utensílios de uso comum.
- A mesma faca ou cortador de queijo pode ser usado para a carne em supermercados e restaurantes.
- Salsichas e carnes industrializadas (presunto, tender, etc.) podem conter leite.
- Atum em conserva pode conter caseína- uma proteína do LV.
- Muitos produtos não lácteos contêm caseína.
- Mariscos, às vezes são mergulhados no leite para reduzir o odor.
- Muitos restaurantes colocam manteiga em bifes depois de terem sido grelhados para adicionar sabor extra. A manteiga não é visível depois que é derretida.
- Algumas carnes podem conter leite- leia cuidadosamente os rótulos.
- Produtos “Light” geralmente contem leite.
- Também podem conter Leite de vaca alguns medicamentos em comprimidos, cápsulas, pó seco para inalação, xampus, sabonetes, cremes faciais.
Outras considerações importantes:
- NÃO ingerir leite de origem animal, como leite de cabra e leites em pó (exceto leites de soja).
- A letra “D” (dayre- laticínio) no rótulo geralmente indica que se trata de um laticínio e, portanto, com grande probabilidade de conter leite.
- Um produto rotulado como "pareve" é considerado livre de leite sob a lei dietética kosher (alimento judaico). No entanto, pode conter uma pequena quantidade de proteína do leite - potencialmente suficiente para desencadear reação alérgica em indivíduo suscetível. Esses produtos não são totalmente seguros.
Alguns alimentos que não contem proteína do LV:
- Lactato de Cálcio
- Lactato Esteaoril de Cálcio
- Manteiga de cacau
- Creme de tártaro
- Ácido Láctico (em cultura inicial pode conter leite)
- Lactato de sódio
- Lactato Esteaoril de Sódio
- Oleorresina
Recomendação da Academia Americana de Alergia e Imunologia e Sociedade Europeia de Alergia e Imunologia Pediátrica:
- Durante a lactação a mãe deverá fazer a mesma restrição alimentar que seu filho com alergia a LV.
- Observação cuidadosa na introdução dos alimentos considerados potencialmente alergênicos a partir da interrupção do aleitamento materno exclusivo.
- Uso de fórmulas hipoalergênicas ou hidrolisados como medida preventiva em situações onde o aleitamento não ocorre mais de forma exclusiva.
- Para prevenir deficiências nutricionais da dieta de restrição, deve-se fazer a suplementação de Cálcio e Vitaminas.
- Os pacientes com histórico ou risco de anafilaxia receberão orientações e plano de ação por escrito.
Como diagnosticar a Alergia ao leite de vaca?
Através da história clínica e exame físico bem feitos. O Teste Alérgico cutâneo ou dosagem sanguínea da IgE para o LV é útil quando há suspeita clínica, sendo positivo indica alergia alimentar. Se for negativo, exclui a possibilidade da alergia ser mediada pela IgE. E em alguns casos, pode ser necessária o Teste de Provocação Oral para melhor estabelecer o diagnóstico.
Existe algum tratamento além de evitar o LV?
Sim, já existem vacinas orais para alergia a proteína do LV. O tratamento é feito sob supervisão do alergista com protocolos clínicos apropriados e apesar dos riscos, os resultados preliminares são satisfatórios. O tratamento dura em torno de 2 anos.
O melhor alimento para seu bebê é o leite materno!
Fonte: Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2007
Guidelines for the Diagnosis and Management of Food Allergy in the United States: 2010
Diagnosis Approach and Management of Cow’s-Milk Protein Allergy in infants and Children: ESPGHAN GI Committee Practical Guidelines: 2012
Food Allergy Research & Education (FARE): 2013 www.foodallergy.org
WAO DRACMA Guidelines WAO Journal. April 2010
Dra. Fernanda Duarte
Alergista, Imunologista e Pneumologista pediátrica
CRM ES 5630. RQE 3761 e 3766
- Graduação em Medicina pela Escola de Medicina Santa Casa de Misericórdia de Vitória
- Residência Médica em Pediatria no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG) e em Alergia, Imunologia e Pneumologia Pediátrica no Centro Geral de Pediatria e Hospital Felício Rocho
- Pós graduação em Deficiência Física pela Escola Paulista de Medicina na Associação de Assistência à Criança Deficiente
- Título de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria