Bronquiolite

Bronquiolite

O que é Bronquiolite?

Bronquiolite é uma infecção das vias aéreas inferiores, bronquíolos, caracterizada por início súbito de sintomas respiratórios em menores de 2 anos de idade. Incialmente surgem espirros, coriza, obstrução nasal e evolui com tosse, sibilância (chiado) e dificuldade respiratória.

 

O que são as vias aéreas inferiores?

São estruturas em forma de tubo que conduzem o ar respirado até os pulmões, onde será filtrado. É formada pela traqueia, brônquios e bronquíolos.

O que causa a Bronquiolite?

É causada por vírus, na maioria das vezes o Vírus Sincicial Respiratório, menos frequentemente o metapneumovirus, Parainfluenza, adenovírus, rinovírus e o próprio influenza.

A Bronquiolite é considerada uma doença contagiosa?

Sim. O vírus é altamente contagioso, e facilmente transmitido através de gotículas disseminadas pela tosse, espirros, ou saliva, e até mesmo por objetos contaminados, já que o vírus sobrevive por horas em superfícies lisas.

A transmissão pode ocorrer dois dias antes de iniciarem os sintomas e se manter até o final da doença.

Existe um período do ano que ela é mais freqüente?

Sim, existem os períodos sazonais- propícios para a Bronquiolite- variam de região para região, mas em geral, predominam do final do verão, no outono e no inverno.

Quais os fatores de risco para ocorrer doença mais grave?

Crianças menores de 3meses de idade, baixo peso ao nascer, especialmente se prematuro, baixo nível sócio econômico, aglomeração, frequentar creche ou ambos, pais fumantes, doença pulmonar ou cardíaca ou neurológica crônica, imunodeficiência primária, ausência de LM.

Quais os principais sintomas da Bronquiolite?

No período de incubação, por 2-5dias a criança pode apresentar agitação, irritabilidade, depois surgem febre baixa, coriza, obstrução nasal e evolui com os sintomas típicos: aumento da frequência respiratória, esforço respiratório, sibilos (chiado no peito), pode ocorrer otite (infecção de ouvido) e queda do nível de oxigênio.


Como é o curso clínico?

A maioria das vezes o quadro é leve, mas pode evoluir com gravidade e necessidade de internação hospitalar. Dura em média 12 dias, mas pode variar.

Quais as principais complicações que pode ocorrer?

As complicações podem ser agudas- durante o episódio da doença ex. Atelectasia- quando parte do pulmão se colaba por obstrução do brônquio ou bronquíolo por acúmulo de muco (catarro). Nos casos mais graves, Insuficiência Respiratória.

Complicações crônicas- Hiperresponsividade brônquica pós-viral- quando os brônquios se tornam hiper responsivos, ou seja, após o evento da Bronquiolite, o processo inflamatório o torna muito sensível e a criança permanece com sibilos e às vezes com esforço respiratório por até algumas semanas.

Bronquiolite obliterante- ocorre um processo inflamatório tão intenso nos brônquios que os sintomas se arrastam e em alguns casos pode-se necessitar de oxigênio por longo período. No entanto, é uma situação que raramente acontece.

Como pode ser feita a prevenção dessas infecções?

  • Evite passar as mãos na zona T: olhos, nariz e boca;
  • Lave as mãos frequentemente, intensifique hábitos de higiene;
  • Mantenha ambientes bem arejados;

A forma mais eficaz de prevenir as formas graves é por vacinação, porém ainda não se conseguiu desenvolver vacina para o Vírus Sincicial Respiratório, o maior responsável pela Bronquiolite.

Em algumas indicações restritas, como é o caso dos prematuros de baixo peso há um anticorpo monoclonal, o Palivizumabe que é feito durante os 5 meses do período sazonal nos 2 primeiros anos de vida.

Existe tratamento específico para a Bronquiolite?

Não. Ainda não se tem um medicamento específico para combater a Bronquiolite, Pelo fato de ser causada por vírus, e para a maioria deles, não foi possível ainda desenvolver um antiviral adequado.

E os antibióticos são indicados para nas Bronquiolite?

Existem pelo menos 6 razões para não os usar antibiótico na Bronquiolite:

1. São eficazes apenas contra bactérias!
2. Não combatem o vírus nem impedem o contágio;
3. Não evitam infecções bacterianas;
4. Desequilibram a flora intestinal e facilitam a translocação bacteriana para outros órgãos;
5. Uso indiscriminado contribui para a resistência bacteriana;
6. Aumentam a chance de desenvolver alergias.

Obs. Raramente ocorre infecção bacteriana associada, e em geral quando ocorre são em bebês muito jovens. Neste caso, quando confirmado pelo pediatra, há sim indicação.

Então, o que se pode fazer na Bronquiolite?

Sempre que esses sintomas surgirem, a criança deverá ser avaliada e acompanhada pelo pediatra, pois, pode surgir dificuldade respiratória.

  • Os cuidados básicos são:
  • Aumentar a oferta de líquidos;
  • Analgésico e antitérmico conforme prescrição do médico;
  • Lavagem das narinas com soro nasal ou solução hipertônica;
  • Quanto aos outros medicamentos, o pediatra avaliará sua necessidade.

Existe imunidade permanente após um episódio de Bronquiolite?

Não. O paciente pode apresentar outros episódios, porém, evolui de forma bem mais banda.

O que é preciso estar atento?

Principalmente, quanto a sinais de piora da criança:

Se ela apresentar: esforço respiratório que pode se traduzir por gemência ao respirar; tiragens que surgem abaixo das costelas, ou entre elas; ou acima do osso esterno- na região do pescoço; pela elevação do abdome durante a respiração; chiado durante a respiração; e através do aumento da frequência respiratória (o aceitável é no 1º mês de vida: até 60 respirações por minuto; de 2-12meses até 50; 1-2 anos até 40); quando a criança apresenta, cianose- fica roxinha, ao redor da boca, nas pontas dos dedos, é sinal que já está faltando oxigênio.

Quando se inicia qualquer uma dessas situações descritas, a criança precisa ser levada ao hospital.

O que é mais importante você saber?

Com os cuidados adequados, a maioria das crianças se recupera muito bem!

Dra. Fernanda Duarte

Alergista, Imunologista e Pneumologista pediátrica

CRM ES 5630. RQE 3761 e 3766

 
  • Graduação em Medicina pela Escola de Medicina Santa Casa de Misericórdia de Vitória
  • Residência Médica em Pediatria no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG) e em Alergia, Imunologia e Pneumologia Pediátrica no Centro Geral de Pediatria e Hospital Felício Rocho
  • Pós graduação em Deficiência Física pela Escola Paulista de Medicina na Associação de Assistência à Criança Deficiente
  • Título de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria