Pneumonias

Pneumonias

Qual a função do pulmão?

O pulmão é filtro do ar que respiramos. Ao inspirarmos o ar entra pela via aérea superior formada pelo nariz, faringe e laringe, atinge a via aérea inferior- traqueia e brônquios e ao chegar ao pulmão é filtrado pelos alvéolos. Os gases tóxicos são eliminados durante a expiração e o Oxigênio será distribuído para todo corpo através do sangue distribuído pelo coração. Ele é essencial para o funcionamento de todas as nossas células.

 

Quais são os mecanismos de defesa do organismo para combater as pneumonias?

Começa pelo nariz- os cílios ali presentes filtram, aquecem, e umidificam o ar; o muco faz a defesa imunológica. Aprisiona microrganismos aéreos e contém proteínas bactericidas como Lisozima e IGA. O espirro facilita a expulsão dos germes.

A traqueia e brônquios também são revestidas por um epitélio ciliar e muco que aprisionam microrganismos e os expulsam através do movimento ciliar, que é intensificado pela tosse. O muco contém várias proteínas e anticorpos de defesa, como as Imunoglobulinas: IgA, IgG e IgM.

Já nos pulmões, os alvéolos também capturam os microrganismos e fazem a defesa imunológica levando a uma intensa reação inflamação que se traduz na pneumonia.

 

O que é a Pneumonia?

É a infecção do pulmão. Pode causar doença respiratória leve ou até mesmo grave. É a maior causa de óbito em crianças menores de 5 anos de idade. Sua incidência tem reduzido bastante com as vacinas para as bactérias Pertussis e para alguns vírus.

 

Quais as principais causas da Pneumonia na criança?

Em 70-80% das vezes a causa é vírus (Vírus Sincicial Respiratório, Metapneumovírus, Rinovírus, Influenza, Parainfluenza, Adenovírus, etc.) e entre 10-20% é bactéria (Pneumococos, Estafilococos, Hemófilos, Estafilococos) e Bactérias chamadas atípicas por terem comportamento semelhante aos vírus (Clamidia, Mycoplasma). Mais raramente, em imunodeprimidos ou pacientes internados a causa pode ser fungo.

 

Como se transmite a Pneumonia?

As bactérias que causam habitualmente pneumonias, na maioria das vezes já habitam a cavidade nasal, e em condições normais não conseguem atingir a via aérea inferior e os pulmões. Portanto, a Pneumonia bacteriana não é considerada uma doença contagiosa.

Por alguma falha na barreira de defesa elas alcançam os pulmões causando a infecção. Mais raramente, em crianças pequenas e idosos ou imunossuprimidos pode ocorrer transmissão de bactérias por contato com secreções contaminada de pessoa para pessoa.

Já os vírus podem ser transmitidos pelo contato direto de uma pessoa com outra, através de gotículas difundidas por tosse e espirro ou da própria secreção. Ou por contato indireto, ou seja, com superfícies de objetos manuseados por alguém contaminado. Em superfícies lisas, o vírus se mantém vivo por até 48 horas e nas porosas como tecidos e papel, por cerca de 12h. Ele se mantém viável nas mãos por 5-15min após esse conato.

Ao levar a mão ao nariz ou boca, o vírus penetra através da mucosa do indivíduo e o contamina.

 

Quais são os sintomas da pneumonia?

Os sintomas mais comuns são: prostração, tosse produtiva, febre. Ocorre aumento da frequência respiratória em cada minuto, tiragens abaixo ou entre as costelas - demonstrando esforço respiratório. Nos casos mais graves, pode ocorrer gemência, e maior dificuldade respiratória, além de palidez, cianose (ficar roxinho), prostração intensa, vômito e dor abdominal.

 

Como se diferencia as Pneumonias virais das bacterianas?

As pneumonias causadas por vírus têm início insidioso, ou seja, mais lento e um curso autolimitado; os sintomas são menos intensos que os das pneumonias bacterianas, geralmente o estado geral da criança só fica comprometido durante a febre. Elas costumam apresentar sibilos- “chiado no peito” e muitas vezes associados a sintomas gripais.

Já as bacterianas, evoluem de forma mais súbita, com maior comprometimento do estado geral e normalmente não são acompanhadas de sibilos e sintomas gripais, exceto pela tosse.

Através da ausculta pulmonar, exame físico, e complementares como radiografias de tórax e laboratoriais o pediatra saberá distinguir entre uma e outra causa de pneumonia, para tratar adequadamente.

 

O que são as chamadas Pneumonias Atípicas?

As pneumonias causadas por bactérias que tem características de vírus e podem ter sintomas tanto de Pneumonias virais e quanto de bacterianas.

Tem início e evolução insidiosa, caracteristicamente cursa com episódios de crises de tosse inicialmente seca, com piora progressiva que se torna persistente, e às vezes causa vômitos. E podem se arrastar por semanas. A febre geralmente é baixa, sibilos podem estar presentes à ausculta pulmonar.

 

Quais as complicações podem ocorrer na pneumonia?

A principal complicação é o Derrame Pleural- que acontece quando a infecção extravasa através dos pulmões para o espaço pleural (pleura é “a pele” que envolve o pulmão); Pneumotórax- quando o ar do pulmão extravasa para o espaço pleural; menos frequentemente, Abscesso – quando se forma uma capsula contendo pus e ar dentro do pulmão; mais raramente, a sepse- infecção generalizada. E a temida Insuficiência respiratória - quando a respiração se torna ineficiente.

 

As pneumonias virais também podem complicar?

Sim. Pode ocorrer Atelectasia- quando por uma obstrução do brônquio causada por impactação de catarro aquela parte do pulmão não respira e colaba. O pneumotórax e até mesmo Insuficiência respiratória.

Algumas vezes a criança pode evoluir com a silbilância induzida por vírus, também conhecida por Hiperresponsividade brônquica pós-viral, mais comum na Bronquiolite.

 

O chamado “início de Pneumonia” é um mito ou uma verdade?

A pneumonia pode estar na fase inicial no momento do diagnóstico, mas se diagnosticada é porque ela já existe, já se instalou, portanto, independente, de estar no começo, meio ou fim de sua evolução é uma Pneumonia! O médico deverá estar atento para não confundir sintomas respiratórios como roncos de transmissão – os que se originam nas vias aéreas superiores e ecoam no pulmão- e o aumento de secreção em via aérea, com a Pneumonia.

 

Quais os fatores de risco que facilitam o aparecimento da Pneumonia?

Crianças que foram prematuras abaixo de 32semanas de vida, especialmente as que evoluem com Displasia Broncopulmonar; as que nasceram com cardiopatias; as que hospitalizaram por Bronquiolite. Além de Fatores ambientais como exposição à fumaça de cigarro e habitação em ambiente frequentemente fechado.

 

Como pode ser feita a prevenção dessas infecções?

A forma mais eficaz de prevenir as pneumonias, é a Vacina! Tanto para as causadas pelo Vírus como o Influenza - que deve ser anual - para o vírus do Sarampo e da Varicela, quanto para as bactérias Pneumococo e Influenza -conforme o calendário vacinal.


A fumaça que sai da ponta do cigarro e se difunde homogeneamente no ambiente, contém em média três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que o fumante inala.

Outras medidas:

  • Evite passar as mãos na zona T: olhos, nariz e boca;
  • Lave as mãos frequentemente, intensifique hábitos de higiene;
  • Cubra a boca com as mãos ao tossir;
  • Faça higiene nasal com lavagem das narinas com Soro nasal;
  • Oferte bastante água para seu filho.
  • Mantenha ambientes bem arejados;
 

Os antibióticos são indicados para as Pneumonias virais?

Existem pelo menos 6 razões para não os usar nesses casos:

  1. São eficazes apenas contra bactérias!
  2. Não combatem o vírus nem impedem o contágio;
  3. Não evitam infecções bacterianas;
  4. Desequilibram a flora intestinal e facilitam a translocação bacteriana para outros órgãos;
  5. Uso indiscriminado contribui para a resistência bacteriana;
  6. Aumentam a chance de desenvolver alergias.
 

Como é o tratamento da Pneumonia?

Cuidados gerais:

  • Repouso;
  • Aumentar a oferta de líquidos;
  • Antitérmico conforme prescrição do médico;
  • Quando há muita secreção, a fisioterapia respiratória pode ser útil para higiene da via aérea;
  • Nas pneumonias Bacterianas diagnosticadas pelo médico, ele prescreverá o antibiótico mais adequado. Os antibióticos orais tratam a maioria das Pneumonias Adquiridas na Comunidade. Os pacientes internados o recebem por via Intravenosa.
 

Existe tratamento específico para combater os vírus que causam as Pneumonias

Para a maioria deles não existe um antiviral. Mas, para o vírus Influenza sim, e será prescrito pelo médico quando diagnóstico for feito.

 

Como perceber que seu filho está piorando e precisa ser levado ao hospital?

Quando há presença de sinais respiratórios a criança sempre deverá ser examinada pelo médico e receber as orientações adequadas. Mas, alguns sintomas podem indicar gravidade e, portanto, será necessário atendimento de urgência.

Os principais são:

  • A frequência respiratória (fr) tem relação direta com a gravidade. Fique atento com seu aumento das incursões por minuto (ipm) acima dos valores normais para idade:

  • Presença das retrações costais- afundamento das costelas ao respirar- e com dificuldade;
  • Gemência ou cianose (como lábios ou unhas roxinhos);
  • Prostração, sonolência ou agitação, irritabilidade;
  • Febre persistente;
  • Inapetência com sinais de desidratação como boca seca e diurese reduzida.

A pneumonia é uma infecção pulmonar e tem tratamento! A prevenção pela vacinação adequada é fundamental! Para seu filho melhorar, siga orientações médicas e cumpra com tratamento prescrito.

 

Fonte:
BTS Guidelines for the management of Community Acute Pneumonia in children: Update 2011
Current Diagnosis & Treatment of Community-Acquired Pneumonia in Children
Highlights of the PIDS/IDSA National Guidelines, American Academy of Pediatrics 2011

Dra. Fernanda Duarte

Alergista, Imunologista e Pneumologista pediátrica

CRM ES 5630. RQE 3761 e 3766

 
  • Graduação em Medicina pela Escola de Medicina Santa Casa de Misericórdia de Vitória
  • Residência Médica em Pediatria no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG) e em Alergia, Imunologia e Pneumologia Pediátrica no Centro Geral de Pediatria e Hospital Felício Rocho
  • Pós graduação em Deficiência Física pela Escola Paulista de Medicina na Associação de Assistência à Criança Deficiente
  • Título de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria